Canil da PM auxilia no tratamento de pacientes com distúrbios na Apae-JP

Terapia é feita com auxílio de instrutores da PM e equipe multidisciplinar da Apae (Foto: Werneck Moreno)
Dizem que o cão é o melhor amigo do homem e na Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de João Pessoa (Apae-JP) mais do que um amigo, o animal é um facilitador. Há aproximadamente dois anos, a cinoterapia (terapia assistida por cães) é utilizada no tratamento de pacientes com transtornos de desenvolvimento e de atenção.

As atividades acontecem todas as terças-feiras, no turno da manhã, em parceria com o Canil da Polícia Militar. Conforme o médico veterinário e comandante do Canil da PM, capitão Deuslânio Menezes, a instituição disponibiliza para a terapia dois cães da raça golden retriever, que são treinados por pelo menos dois anos para desenvolveram a obediência avançada e suportarem estímulos agressivos.

“São cães dóceis, treinados para suportar dor, já que as crianças muitas vezes puxam, empurram, de alguma forma ‘provocam’ o animal”, explicou o capitão Deuslânio, ao contar que a atividade é desenvolvida pelos policiais com a equipe multidisciplinar da Apae-JP, formada por uma psicóloga, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional.

Segundo a coordenadora clínica da associação, Ana Maria Costa Alves, os resultados que a cinoterapia proporcionam são “inquestionáveis, haja vista que o simples fato da presença do animal já promove a interação e modifica a percepção que os pacientes têm do ambiente, resgatando a afetividade”.

Do ponto de vista técnico, conforme Ana Maria, observa-se que os usuários também apresentam melhorias na atenção e concentração, além de tornarem-se menos agressivos. “A cinoterapia estimula os processos de aprendizagem e promove a confiança, a possibilidade do paciente estabelecer vínculos”, detalhou a profissional, ao citar que durante a terapia os usuários são estimulados a cuidar do cão.

Eles penteiam os pêlos dos animais, brincam, interagem e em alguns momentos conduzem o cão, desenvolvendo o senso de responsabilidade. A terapia, que é complementar a outras intervenções de saúde educacionais, beneficia pessoas de todas as faixas etárias, independente do distúrbio.

“Entretanto, na Apae-JP, preferencialmente encaminhamos para a cinoterapia os usuários com diagnóstico de Transtorno Global do Desenvolvimento (autismo, Asperger, Rett) ou Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade”, disse Ana Maria.

Aproximação

O contato periódico com o cão gera uma relação afetiva forte entre paciente e animal. Todas as semanas, os cães escolhidos para participarem da terapia na Apae-JP são os mesmos (Marley e Apolo).

“Os usuários conhecem os cães, a gente começa a ver, pelo olhar deles, o quanto adoram esses animais. O comportamento dos pacientes muda quando eles passam a ter contato com os cães”, garantiu a fonodióloga da Apae-JP, Danielle da Silva, ao citar que a cinoterapia trabalha muito a questão da linguagem e da comunicação, principalmente em crianças com autismo.

Embora não participe da cinoterapia, por não se encaixar no perfil de pacientes que preferencialmente são encaminhados para essa modalidade, a paciente Isabella Almeida criou um laço afetivo com os cães do canil. “Toda semana ela tem que vir na quadra (onde acontece a cinoterapia) e dar um bom dia para Apolo. Se não falar com ele, ela passa a semana triste. Ela necessita desse contato”, contou a dona de casa Maria aparecida Almeida, mãe de Isabella.

O cabo João Pires dos Santos, que junto com o soldado Almir Queiroz participa semanalmente da cinoterapia na Apae-JP, afirmou que está aprendendo muito com os pacientes e as médicas. “Não tem nada melhor do que interagir com esses pacientes e receber também orientação das doutoras sobre como lidar com eles. Para mim, foi um prêmio participar desse trabalho”, revelou.

Histórico

O canil da Polícia Militar da Paraíba, fundado há 20 anos, pertence a 2º companhia do Batalhão de Operações Especiais (Bope), sediada em Cabedelo. No local, diariamente, os cães (divididos em três grupos: farejador, patrulheiro e show dog) são treinados e bem cuidados para auxiliar a corporação nas atividades policiais ou sociais.

Entre essas ações estão o policiamento em praças desportivas, controle de rebeliões e distúrbios civis, segurança em eventos públicos, faro de entorpecentes, além de apresentações ao público e a cinoterapia.

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